Em 2019, 756 homens
e 228 mulheres contraíram o vírus. Do total, 36,9% desenvolveram a Aids. Pardos
e negros são 70% da população infectada
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Usar camisinha é a melhor forma de se proteger contra HIV/Aids - Foto: Divulgação/Secom-PB |
Vírus silencioso, algumas vezes não detectável, mesmo depois de quase quatro décadas do surgimento dos primeiros casos, a pandemia da Aids continua a ser um dos grandes desafios para a saúde mundial. Aproximadamente 35 milhões de pessoas vivem com HIV em todo o mundo. Nesta sexta-feira (5), data alusiva aos 39 anos da descoberta da Aids no mundo, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) faz uma análise do cenário do agravo na Paraíba.
Em 2019, a taxa
de detecção de HIV no estado foi de 984 pessoas, sendo 756 homens e 228
mulheres. Do total, 36,9% desenvolveram a Aids. Pardos e negros são 70% da
população infectada por HIV. Os dados de exposição por categoria mostram que
257 dos diagnosticados se declararam homossexuais e 374 disseram ser
heterossexuais.
Pessoas com
idade entre 30 e 39 anos apresentaram um maior número de exposição ao HIV, com
112 casos, seguido da faixa-etária de 20 a 29 anos, com 107 pessoas, e 40 a 49
anos, com 73. Em 2019, foram detectados 12 casos de adolescentes positivadas
para o HIV com 15 anos de idade.
Estigma
A gerente
operacional de IST/HIV/Aids da SES, Ivoneide Lucena, avalia que a percepção e o
perfil da doença foram se modificando ao decorrer dos anos. No começo, havia o
estigma do grupo de risco e de que só uma determinada população poderia pegar a
doença, além do preconceito com as pessoas vivendo com HIV/Aids e da
desinformação.
“Embora o
preconceito ainda seja grande e focado na população gay, essa percepção está
mudando. Hoje não falamos mais em população de risco e sim em situação de
risco. Então qualquer pessoa que passou por uma situação assim está sujeita a
se contaminar com o HIV, seja ela heterossexual, mulher casada, bebê”, afirma.
Diagnóstico rápido e tratamento
Sobre o cenário
atual da Aids na Paraíba, muito se avançou, desde a disponibilidade de
tratamento gratuito na Rede Estadual de Saúde, ao diagnóstico rápido e
proteção. Ivoneide Lucena pontua que, atualmente, os 223 municípios da Paraíba
disponibilizam o teste rápido para a detecção do vírus nos postos de saúde e em
20 minutos é possível receber esse resultado.
Em casos
positivados, o usuário é encaminhado para os serviços de referência da Paraíba,
orientado a fazer exames laboratoriais e acompanhado por um infectologista. O
tratamento é ofertado pelo SUS e pacientes com HIV/Aids têm acesso gratuito aos
medicamentos antirretrovirais.
“Com a oferta do
teste rápido, estamos conseguindo diagnosticar mais pessoas com HIV do que com
Aids, e é isso que a gente quer, mais pessoas ainda sem nenhuma infecção
oportunista, sem nenhuma doença e sim pessoas muitas vezes assintomáticas, para
começar o tratamento e reduzir a carga viral dessa pessoa, tornando o vírus
indetectável”, diz a gerente operacional de IST/HIV/Aids da SES.
Incentivo à prevenção
Como medidas de
proteção, os usuários têm a facilidade de acesso aos preservativos nas unidades
básicas de saúde em todos os municípios paraibanos, além da disponibilização de
forma descentralizada das tecnologias para prevenção e o tratamento que inclui
o tratamento antirretroviral como medida de prevenção; a Profilaxia
Pós-Exposição ao HIV (PEP), que é o uso de medicamentos diante de uma situação
de risco; e a Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PREP), que consiste no uso
diário de medicamento antirretroviral para evitar a infecção pelo vírus.
“Outro avanço
que estamos conseguindo é a redução da transmissão vertical do HIV, ou seja,
transmissão da mãe infectada para o feto. Não dá mais, não se admite mais que
uma criança, na hora do parto, possa ser exposta ao HIV, porque essa mãe no
pré-natal foi testada no terceiro, no sétimo mês e na hora do parto para que
ela não venha a expor esse bebê ao HIV e não venha a amamentar essa criança”,
observa Ivoneide Lucena.
Pandemia
Os serviços nos
centros de referência continuam funcionando durante a pandemia de coronavírus,
porém em horário reduzido. Ivoneide Lucena pede que pacientes em tratamento não
parem de tomar a medicação, pessoas que foram expostas a uma situação de risco
recorram aos serviços de referência e que todos façam uso do preservativo como prevenção.
“Assim como
estamos usando a máscara para proteger do coronavírus, usar camisinha é
fundamental para a prevenção do HIV. A Aids também é uma pandemia que está
circulando há 39 anos. Do mesmo jeito que existem pessoas que carregam o
coronavírus e são assintomáticas, existem os portadores do HIV que não sentem
nada. Por isso a importância da prevenção”, destaca.
Combate ao preconceito
Para barrar o
preconceito, desde 2017, a SES oferta cursos na metodologia de Ensino à
Distância (EAD) para professores e alunos da Rede Estadual com várias temáticas
e informações voltadas ao HIV e Aids. Entre os temas estão a educação entre
pais, as diversidades sexuais, a identidade de gênero, entre outros.
“Esses cursos
servem para derrubar algumas barreiras. Sabemos que os professores não tiveram
a oportunidade de estudar muitos desses temas durante a graduação. Já os
alunos, é importante discutir essa temática para que eles possam dialogar com
seus colegas, dentro e fora da sala de aula”, explica.
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