Diretor-geral
da OMS disse que declaração não muda o que a Organização e os países estão
fazendo para "detectar, proteger, tratar e reduzir a transmissão" do
novo coronavírus (Sars-Cov-2), causador da doença Covid-19
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Diretor-geral da OMS declara pandemia por coronavírus - Foto: Fabrice Coffrini/AFP |
A Organização
Mundial de Saúde (OMS) declarou nesta quarta-feira (11) a pandemia de Covid-19,
doença causada pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2). Segundo o órgão, o número de
pacientes infectados, de mortes e de países atingidos deve aumentar. Apesar
disso, os diretores ressaltam que a declaração não muda as orientações e os
governos devem manter o foco na contenção da circulação do vírus.
Na prática, o
termo pandemia se refere ao momento em que uma doença se espalhou por diversos
continentes com transmissão sustentada entre as pessoas.
"A
descrição da situação como uma pandemia não altera a avaliação da OMS da ameaça
representada por esse vírus. Isso não muda o que a OMS está fazendo nem o que
os países devem fazer " - Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS
Também o
diretor-executivo do programa de emergências da OMS, Michael Ryan, ressaltou
que a declaração não significa que a OMS vá adotar novas recomendações no
combate ao vírus.
"A
declaração de uma pandemia não é como a de uma emergência internacional - é uma
caracterização ou descrição de uma situação, não é uma mudança na situação.
(...) "Não é hora para os países seguirem apenas para a mitigação" -
Michael Ryan, diretor-executivo do programa de emergências da OMS
Mitigação é a
estratégia de saúde pública que busca sobretudo cuidar dos doentes e públicos
prioritários. Como afirmaram os diretores, a OMS ainda acredita que a contenção
da circulação do vírus precisa ser buscada por todos os países e é apontada
como pilar das ações.
Nesta tarde, ao
chegar ao Congresso, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que a
declaração de pandemia já era esperada e que ela não muda nada na prática. Ele
retomou uma crítica que já tinha feito antes à OMS, afirmando que o órgão
demorou para usar essa definição.
Antes da
declaração da pandemia, a definição de casos suspeitos usada no Brasil excluía
viajantes que retornavam da África e Américas do Sul. Agora, segundo Mandetta,
serão investigados como possíveis casos suspeitos pessoas que voltarem de
qualquer viagem ao exterior e apresentarem febre e mais um sintoma (dificuldade
respiratória, dor no corpo e/ou tosse).
Ressalva da OMS
Os diretores da
OMS ressaltaram ao longo das suas exposições que o quadro da circulação do novo
coronavírus mostra que ainda é possível diminuir seus impactos e disseminação.
"(Os
países) devem fazer o máximo para evitar qualquer caso importado", disse
Tedros. Ele ressaltou que 57 países têm menos ou 10 casos e 90% dos casos do
mundo vêm de 4 países. "Seria um erro abandonar a estratégia de
contenção", disse.
"Esse é o
primeiro coronavírus a ser chamado de pandemia, mas também acreditamos que será
o primeiro a ser contido ou controlado", afirmou Tedros.
Com a mesma
preocupação, o diretor de programas de emergência alerta para o risco a ser
evitado com o uso da palavra: as pessoas não devem usar a declaração de
pandemia como desculpas para desistir do combate e tentativas de conter a
circulação do vírus.
"Se não
tentar suprimir, pode sobrecarregar o sistema de saúde. Tem que haver esforços
para frear a disseminação da infecção", disse Ryan.
Perspectivas de
novos casos
De acordo com a
OMS, o número de casos, mortes e países afetados deve subir nos próximos dias e
semanas. Nas últimas duas semanas, o número de casos fora da China aumentou 13
vezes e o número de países afetados triplicou.
"Pandemia
não é uma palavra para ser usada de maneira leviana ou descuidada. É uma
palavra que, se mal utilizada, pode causar medo irracional ou aceitação
injustificada de que a luta acabou, levando a sofrimento e morte
desnecessários" - Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS
De acordo com o
mais recente balanço do órgão, há mais de 118 mil casos em 114 países e 4.291
pessoas morreram.
"Essa é uma
crise que vai afetar todos os setores" - Tedros Adhanom Ghebreyesus,
diretor-geral da OMS
Foco de ação dos
países
De acordo com
Tedros, os países precisam preparar respostas em áreas chaves: detectar,
proteger, tratar, reduzir a transmissão, inovar e aprender.
Perguntado pelos
jornalistas se há recomendação para fechar escolas e fronteiras, o
diretor-executivo do programa de emergências da OMS, Michael Ryan, avaliou que
essas decisões têm sido tomada com base na avaliação de risco dos países.
De acordo com
ele, países com número menor de casos não alcançarão grande impacto com medidas
de isolamento social.
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