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População deve ficar alerta ao consumo de alimentos para proteger saúde, avisa médico em livro (Foto: Rafael Neddermeyer/ Fotos Públicas) |
Você sabia que alguns
alimentos considerados bons para uma dieta saudável são, na verdade, vilões?
Pelo menos é o que afirma o médico Magno Magalhães, professor da Universidade
Federal do Maranhão (UFMA) e pós-graduado em Dermatologia e Medicina do
Trabalho, no livro ’10 Mentiras que o seu médico conta que podem matá-lo’. Na
verdade, conforme o médico, alguns produtos alardeados desde os primórdios como
benéficos possuem substâncias capazes de causar problemas à saúde, inclusive,
desenvolver diversos tipos de câncer.
Um dos exemplos mais comuns é o ovo que
consumimos e é taxado como vilão por conta do colesterol. De acordo com o
autor, ele não é um inimigo da saúde. Por sua vez, o colesterol também não é
tão mau assim. Já o leite, considerado essencial na alimentação desde os
primeiros momentos de vida, tem um lado obscuro.
A atuação dos
médicos também é criticada pela troca do ouvir e examinar por exames
laboratoriais e de imagem muitas vezes invasivos e lesivos à saúde. “Os médicos
tratam do modo científico enquanto seus pacientes continuam consumindo açúcar
refinado, margarina, adoçantes perigosos, óleos saturados artificialmente e,
assim, caminhando para alguma doença degenerativa grave”, diz o autor.
A publicação
alerta ainda sobre o poder das indústrias farmacêutica e alimentícia em relação
às substâncias que fazem mal e, mesmo assim, são usadas na composição de
alimentos e medicamentos. “O objetivo é estimular a reflexão sobre os hábitos
em relação ao consumo dessas substâncias e como mudanças simples podem trazer
benefícios importantes à saúde”, observou Magalhães. “Minha principal intenção
é a de lançar um alerta”, garante.
O pode da indústria
farmacêutica
“Os médicos
são bem treinados para reconhecer inúmeras patologias e conhecer o tratamento
de cada uma. Porém, a indústria farmacêutica não os deixa esquecer o universo
de medicamentos disponíveis no mercado, cada vez mais caros e cada vez com mais
efeitos desconhecidos em longo prazo”, diz um trecho do livro. Em relação às
medicações, o texto aponta ainda que os médicos sabem o peso que elas têm, seus
efeitos, a dependência que causam. E ainda assim, prescrevem.
Magno
Magalhães diz que grande parte dos medicamentos modernos funciona como a
cocaína e a heroína, viciam pessoas, as tornam dependentes pelo resto da vida e
causam efeitos colaterais. “Em outras palavras, tanto a indústria farmacêutica
quanto os médicos não têm trabalhado pela saúde das pessoas”, alerta.
A indústria
farmacêutica, na opinião do médico, visa o faturamento, e as drogas mais
rentáveis têm como base as estatinas, usadas para baixar a produção de
colesterol pelo fígado. “Não é novidade que existe indústria da doença, ela
movimenta altos investimentos e lucros no mundo. Não é à toa que o número de farmácias
no Brasil mais que triplicou em dois anos”, alerta.
Adoçantes são grandes vilões
Entre as dez
mentiras abordadas pelo médico Magno Magalhães em seu livro, está a questão dos
adoçantes que, conforme explica, não reduzem o peso e nem evitam diabetes. “A
sacarina, por exemplo, é capaz de adoçar 300 vezes mais do que o açúcar, mas é
derivada do tolueno, substância química que vem do benzeno. Ambas, altamente
tóxicas e cancerígenas”.
Já o aspartame
adoça 200 vezes mais que o açúcar e está presente em mais de seis mil produtos
alimentícios. Na sua composição tem metanol, álcool de madeira tóxico que, se
ingerido, pode cegar e até matar. “Também pode causar enxaqueca, vertigem,
câncer de cérebro, distúrbios de memória, leucemia, esclerosa lateral amiotrófica
(ELA)”.
De acordo com
o médico, a sucralose é um adoçante sintético que tem em sua composição química
o cloro e o pesticida DDT usado nas lavouras nos anos 70 e 80. O produto nasceu
para ser um inseticida e se tornou adoçante. Por sua composição, ele pode ter
efeitos como perda de equilíbrio, diarreia, dor de estômago e síndrome do
pânico.
Mas, nem todos
os adoçantes são maléficos para o organismo. “A stévia, por exemplo, é uma
planta com grande capacidade de adocicar, ou seja, é um adoçante orgânico”, diz
o médico Magno Magalhães. Na forma de pó branco, chega a ser de 70 a 400 vezes
mais doce que o açúcar natural.
O xilitol
também é natural, encontrado nas fibras de muitos vegetais, como o milho e a
ameixa. É tão doce quanto a sacarose, mas 40% menos calórico. Outro mocinho é o
açúcar de coco, que tem baixo índice glicêmico. É 100% natural e considerado o
mais sustentável do mundo. “Para completar, há ainda o agave, originário do
México. O produto é um açúcar orgânico que adoça mais do que o mel e com menos
glicose”, finaliza.
Abaixo,
fizemos um resumo dos produtos considerados vilões ou mocinhos segundo a
visão do doutor Magalhães, em sua publicação.
Leite, melhor não consumir
“O leite é o
reflexo da mentira que ouvimos durante anos: ele não fortalece os ossos,
tampouco evita a osteoporose”. A explicação está na quantidade de hormônios
injetados nesses animais para que o organismo deles entenda que estão
amamentando e, assim, produzam mais leite. A fonte é contaminada pela
tecnologia, sem contar que a alimentação das vacas é à base de feno, rações,
capim-verde, milho, entre outros, todos cultivados à base de agrotóxicos. No
leite, de acordo com vários estudos, há índices elevados de agrotóxicos, entre
eles os pesados, como chumbo, cádmio e cobre.
Outro problema
citado pelo médico é o excesso de antibióticos para conter inflamações
provocadas pelo excesso de manipulação mecânica durante a ordenha. Ao consumir
esse leite, o corpo humano se torna resistente a esse antibiótico. O
médico ressalta, inclusive, que não existe nenhuma relação entre o consumo de
leite e níveis satisfatórios de cálcio no organismo. O excesso de cálcio do
leite não é absorvido devido à baixa concentração de magnésio, podendo levar a
cálculos renais e contribuem para a artrite.
Intolerância à lactose
O leite tem um
açúcar chamado lactose. Para que o corpo consiga digeri-la, é necessária a
enzima lactase, cuja produção tem uma queda após a fase de amamentação e deixa
de ser produzida após os 40 anos. Resultado: intolerância à lactose.
“O leite cru,
sem industrialização ou pasteurização, ajuda na redução de sintomas alérgicos,
promove o equilíbrio entre cálcio e magnésio, apresenta lactobacilos vivos que
ajudam na absorção de nutrientes, é fonte de bactérias saudáveis digestivas que
auxiliam no trato intestinal”, reforçou o autor.
Flúor traz riscos à saúde
O flúor é um
mineral que traz grande risco à saúde, mas isso, segundo o médico, é uma
informação que a indústria farmacêutica esconde. Assim, o produto continua
sendo utilizado na composição de medicamentos, principalmente antidepressivos.
Ele afirma que
o flúor se acumula no organismo, já que só metade da quantidade ingerida é
eliminada pelos rins. Sua interferência no metabolismo do magnésio pode gerar e
agravar quadros de osteoporose, dentes quebradiços, calcificações patológicas,
podendo levar a quadros cancerígenos.
“A substância
interfere na ação do iodo, que atua na produção de hormônios para a tireoide,
aumentando os casos de hipotireoidismo. Além disso, aumenta o risco de fraturas
e interfere na produção de colágeno, acelerando o envelhecimento da pele e
aumentando o risco de câncer”, alertou.
Ovos não são inimigos
O ovo é um
alimento presente na mesa de todos os brasileiros e é taxado como inimigo da
saúde por ter altos índices de colesterol. Seu consumo, porém, de acordo com o
médico Magno Magalhães, não deve ser restrito a um dia por semana, recomendação
feita por vários profissionais. O ovo é considerado o segundo alimento mais
completo na natureza, perdendo apenas para o leite materno.
Ele explicou
que a clara é rica em proteínas e altamente digestiva. A gema, por outro lado,
é a parte mais calórica. Apesar de ter cerca de 213 mg de colesterol, o
alimento faz menos mal do que os industrializados. Previne a catarata, é
anti-inflamatório e ajuda até no emagrecimento. O único alerta é para os
diabéticos, que devem consumir com moderação.
“O acúmulo de
colesterol nas artérias vem, principalmente, de comidas industrializadas e fast-foods,
associado com deficiência no metabolismo, obesidade, sedentarismo, entre
outros. Diante disso, seus efeitos no nível de colesterol não são relevantes e
não estão diretamente relacionados ao índice de mortalidade por doenças
cardiovasculares”.
Margarina, um grande perigo
A margarina
não é um alimento natural e nem orgânico. “Trata-se de uma substância química
sintética vegetal. Costumo dizer que a margarina está mais para uma versão
pastosa do plástico do que para um alimento que devamos consumir”, diz o médico
Magno Magalhães.
Ele relata que
a embalagem do produto traz uma composição com gorduras, sódio, potássio,
carboidratos, proteínas, vitaminas, cálcio, ferro e magnésio, porém, a
indústria esconde os verdadeiros ingredientes do produto, que podem trazer
sérios riscos à saúde, como soda cáustica, também usada para fabricar papel,
tecidos e detergentes; e ácidos usados em explosivos”.
Glúten mata em silêncio
‘Os cereais
são ricos em fibras. Coma-os à vontade todos os dias’. A recomendação,
repassada até mesmo por especialistas, não é considerada o melhor conselho, de
acordo com o médico Magno Magalhães. Ele explica que, apesar de ser considerado
uma proteína, o glúten adicionado para dar forma e leveza aos alimentos, é
identificado pelo organismo como um agente invasor. Nas pessoas intolerantes ao
produto, há reações como excesso de gases, diarreia, vômito, anemia e até
osteoporose. Outras não têm nenhuma reação, mas mesmo sem dar sinais, ele pode
provocar mudanças e doenças autoimunes indesejadas que, muitas vezes, podem ser
fatais. Obesidade, diabetes, hipotireoidismo e câncer estão na lista.
Colesterol é discriminado
“O colesterol
não é o inimigo da nossa saúde que aprendemos a acreditar”, diz. A obesidade e
diabetes atribuídas ao colesterol, na verdade, se instalam a partir do excesso
de carboidratos. “Quando consumimos pães, bolos e doces, por exemplo, o nível
de açúcar sobe rapidamente no sangue”, ressaltou.
Esse aumento,
segundo ele, provoca a produção da insulina pelo pâncreas, cuja função é fazer
com que o açúcar chegue às células. “Se as células estiverem cheias e não
precisarem de glicose, o excesso é rejeitado fazendo com que o açúcar no sangue
se eleve, convertendo-se em gordura armazenada. Bem, agora ficou fácil imaginar
de onde vêm a diabetes e a obesidade”, esclareceu Magalhães.
A responsabilidade médica e os
alimentos
O
endocrinologista João Modesto, segundo vice-presidente do Conselho Regional de
Medicina da Paraíba (CRM-PB), afirmou que a medicina é uma profissão
a serviço do ser humano e da coletividade, sem discriminação de qualquer
natureza. Ele explicou que o médico é o grande responsável pelo diagnóstico
correto e pela instituição da terapêutica adequada, sabendo como estabelecer um
plano de investigação através de exames complementares.
“Nesse
sentido, os médicos devem revigorar a relação médico-paciente, o respeito
mútuo, a compreensão, o humanismo, a solidariedade e o conhecimento científico”.
Defendendo a dignidade da profissão – disse o especialista – ele resgata o
papel social que dela se espera, mediante o fortalecimento do caráter
profissional e dos aspectos exclusivos e específicos da profissão médica.
“Deixando de
lado imperfeições humanas que existem em todas as profissões, lembro alguém que
já disse: “Ser médico é sofrido, porém belo. É difícil, mas necessário. É,
enfim, tarefa para seres humanos especiais”, completou.
Conselho de Farmácia
A presidente
do Conselho Regional de Farmácia (CRF), Cila Estrela Gadelha de Queiroga,
afirmou que a entidade fiscaliza os farmacêuticos e não tem competência de
fiscalizar a indústria farmacêutica.
“Isso seria
com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Não temos gerência em
relação à indústria. Nós, farmacêuticos, sabemos as formulações, orientamos os
usuários sobre contraindicações”, enfatizou.
Além disso,
conforme a presidente do CRF, todo medicamento tem efeito colateral. Sobre
substâncias que causam efeitos em longo prazo, ela explicou que os médicos têm
competência para prescrever a medicação correta.
Texto de Lucilene Meireles, do Jornal Correio
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