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Cabo da PM da Paraíba, Edmo Tavares, morreu em confronto com policiais militares do Rio Grande do Norte - Foto: Cedida |
A operação de
busca a um foragido no município de Tacima, na Paraíba, que acabou com a morte
de um policial militar paraibano foi autorizada pelo comando do 8º Batalhão da
Polícia Militar do Rio Grande do Norte. O documento consta no inquérito
policial que investiga a ação. Os três policiais militares do RN envolvidos na
ação estão afastados de suas funções.
Apesar da
autorização do 8º Batalhão, o comando geral da Polícia Militar não foi
informado sobre a operação. Um dia após a ação, no dia 30 de outubro, o
comandante-geral da PM do Rio Grande do Norte, coronel Alarico Azevedo reforçou
que toda operação que envolva estados vizinhos precisa ser comunicada ao
comando-geral.
"Todo
deslocamento de um estado para o outro, de uma polícia militar para outra, é feito
o contato entre os comandantes gerais, como já fizemos anteriormente em várias
outras ocorrências tanto com a Polícia Militar da Paraíba, como do Ceará. Eu
não tive conhecimento, por isso não mantive contato com o coronel Euller Chaves
(comandante geral da PB) informando dessa operação, pedindo autorização e um
trabalho conjunto", disse à época.
O G1 voltou a
procurar a corporação nesta quinta-feira (7) para saber se houve falha do
Batalhão, porém a assessoria de imprensa informou que o comando não iria
comentar, por ser um assunto apurado pelo inquérito militar instaurado. Já a
Polícia Militar da Paraíba reforçou que não foi comunicada da operação da PM
potiguar.
A ordem de
serviço, à qual o G1 teve acesso, determinava que os policiais da inteligência deveriam
cumprir decisão judicial e ir até o distrito de Cachoeirinha, em Tacima, na
tarde do dia 29 de outubro, para checar uma informação sobre a localização do
foragido. Além disso, eles deveriam executar a prisão do indivíduo, caso as
informações se confirmassem.
O documento
ainda informava que os policiais deveriam estar descaracterizados (sem farda) e
que o chefe da seção deveria manter contato com o policiamento local, para
avisar sobre a ação.
Defesa
A defesa dos
três policiais militares do Rio Grande do Norte envolvidos na morte do PM da
Paraíba alega que eles comunicaram à polícia do município paraibano sobre a
operação. Porém, o advogado da família do cabo Edmo Tavares, de 36 anos, afirma
que a comunicação foi informal, feita a um cabo.
O caso aconteceu
no dia 29 de outubro deste ano. Durante a ação, o policial Edmo Tavares, de 36
anos, que estava de folga, teria confundido os policiais com bandidos. Houve um
tiroteio entre ele e os policiais potiguares. Atingido, o militar paraibano
acabou morrendo.
Após o caso, os
militares foram afastados das funções e respondem a um inquérito civil aberto
pela Polícia Civil da Paraíba, além de um inquérito militar aberto pela PM do
Rio Grande do Norte.
De acordo com a
advogada Kátia Nunes, os militares potiguares atenderam a todos os requisitos
da ordem de serviço assinada pelo comandante do 8º Batalhão do Rio Grande do
Norte, em Nova Cruz.
"O
comandante expediu uma ordem de serviço determinando que a inteligência fizesse
o levantamento. E a inteligência chegou lá na cidade de Tacima, procurou o
policiamento local e houve a informação de onde essa pessoa poderia se
encontrar. Então, a viatura permaneceu no local e a inteligência foi fazer o
levantamento só que se depararam com o foragido e outro, determinaram que eles
fossem ao solo, adotaram as providências de segurança de área, fizeram a
revista e nesse momento a pessoa de Edmo efetuou o disparo. Foi ai que a
Polícia Militar do estado do Rio Grande do Norte revidou", afirmou.
"Em
verdade, o que eu posso dizer é que houve uma precipitação por parte de Edmo.
Ele sabia que não pode abordar e muito menos efetuar disparo quando se encontra
em uma situação de desvantagem numérica. E ele não fez essa observação. Ele
sequer se identificou. Tudo está totalmente documentado. Os policiais cumpriram
integralmente a determinação do seu comandante, que obedecia à determinação da
Justiça.", acrescentou a advogada.
Questionada
sobre o relato de testemunhas que dizem que o policial paraibano teria se
identificado, antes de sofrer os tiros, ela afirmou que outras pessoas dizem o
contrário.
O G1 procurou o
comandante do 8º Batalhão, Coronel Genilton Tavares, mas ele preferiu não
comentar o caso.
Advogado da família fala em execução
Porém, o
advogado Flávio Roberto, que representa a família do policial paraibano,
considera que a comunicação foi irregular e informal. "Pelo que se tem de
dados hoje, foi uma comunicação de maneira informal, feita a um cabo que sequer
era a autoridade responsável pelo local onde, em tese, iria se cumprir o
mandado. Então esse cumprimento, essa forma, esse modus operandi foi totalmente
irregular. A comunicação deveria ter sido feita, no mínimo, formalmente, à
autoridade local, ao comandante do batalhão ou a um oficial local, o que não
foi feito de nenhuma forma", declarou.
"Tenho que
trabalhar com os fatos que estão postos. Pelo que temos hoje, pelos áudios que
foram expostos, pelas testemunhas que foram ouvidas, pelo modus operandi da
Polícia Militar do Rio Grande do Norte nesse caso específico, é que o cabo Edmo
foi de fato executado. O modus operandi com que agiram os PMs do Rio Grande do
Norte não é digno da Polícia Militar do Rio Grande do Norte nem de nenhuma
polícia militar dos estados federativos do Brasil", concluiu.
A ação
Segundo
informações da Polícia Civil, Edmo Lima Tavares, de 36 anos, teria confundido
policiais que estavam à paisana com bandidos e atirado contra eles. Ainda de
acordo com o delegado, a vítima vendia cestas básicas durante a folga, no
distrito de Cachoerinha. Os três policiais militares do Rio Grande do Norte
estavam à paisana, enquanto realizavam uma operação. Quando desceu do carro em
que estava, Edmo viu que os policiais estavam armados e os confundiu com
bandidos. Houve troca de tiros. Edmo era policial há 10 anos e trabalhava no
batalhão de Picuí.
G1 RN e Inter TV
Cabugi
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