Oito
mulheres foram assassinadas em agosto, na Paraíba. Cinco delas foram mortas por
motivação de gênero, conforme investiga a polícia
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Foto: Editoria de Arte/G1 |
No mês de
agosto, oito mulheres foram mortas na Paraíba. Cinco casos estão sendo
investigados como feminicídios. Esse número representa que 62,5% dos
assassinatos de mulheres aconteceram por motivação de gênero, apenas no mês de
agosto.
Até que os dados
de agosto fossem analisados, o mês de julho era considerado o terceiro mês com
mais mortes de mulheres. Sete mulheres foram assassinadas. No entanto, com a
atualização das estatísticas, julho cai para quarto, deixando o espaço do
terceiro lugar para o mês de agosto.
O mês de maio
lidera o ranking de mulheres assassinadas. Dez foram mortas por homicídio
doloso. Cinco, desse total, foram feminicídios. Na sequência está o mês de
abril, com nove homicídios de mulheres e seis feminicídios.
Embora o mês de
maio tenha sido o mais violento, o mês de abril, em proporção, foi o que mais
registrou a morte de mulheres por motivações de gênero. Nesse mês, o número de
feminicídios subiu 50% apenas em relação ao primeiro trimestre do ano.
'Amanhã vou na delegacia'
Dois casos de
feminicídios que aconteceram no mês de agosto marcaram as estatísticas, mas
para não esquecer.
No dia 5 de
agosto, a cabeleireira Rosinete Martins da Silva, de 44 anos, não abriu o salão
de beleza. Tinha medo de que as ameaças do ex-marido se concretizassem, porque
ele não aceitava o fim do relacionamento. Nesse mesmo dia, antes de ser
assassinada a tiros, em Juazeirinho, no Cariri da Paraíba, Rosinete ligou para
uma amiga e disse que iria denunciá-lo. Mas a delegacia estava fechada.
"Amanhã eu vou na delegacia, às 8h eu vou lá", disse ao telefone a
uma amiga.
A cabeleireira
perdeu a oportunidade de defesa e proteção. A solução que encontrou diante da
delegacia fechada foi esperar pelo dia seguinte. Mas por volta das 15h José
Gomes da Silva Neto entrou na casa pelo telhado e efetuou dois tiros que
atingiram Rosinete na cabeça e no braço. Em seguida, ele também se matou com um
tiro na cabeça.
O
superintendente de Polícia Civil de Campina Grande, delegado Luciano Soares,
disse que a delegacia estava fechada por causa do feriado. Ele explicou que
nesses casos o plantão da Polícia Civil na região estava funcionando na cidade
de Esperança, cerca de 100 km de Juazeirinho. Ainda de acordo com Luciano
Soares, esses casos devem ser comunicados também à Polícia Militar, a quem cabe
os primeiros atendimentos.
'Cena macabra'
No fim do mês,
dia 28 de agosto, Juberlúcia Oliveira da Silva, de 30 anos, foi morta e a filha
dela, de 13 anos, foi esfaqueada. O principal suspeito do crime é o
ex-companheiro da mulher, um homem de 39 anos, que teria arrombado a casa da
vítima com uma alavanca e, em seguida, atacado a ex-companheira.
“O que a gente
viu foi uma cena macabra. Não dá pra dizer de quem é exatamente o sangue
espalhado pela casa, porque a mulher foi esfaqueada, a filha dela, de 13 anos,
também e, pelo que vimos, houve luta corporal e ele também deve ter ficado
bastante ferido”, contou o delegado Manoel Martins.
A adolescente de
13 anos foi atingida por quatro golpes de faca e teve os pulsos quebrados ao
tentar se defender do suspeito. Uma das facadas atingiu o pulmão e, na
tentativa de se defender do suspeito, ela teve os pulsos quebrados. De acordo
com o delegado Manoel Martins, o pai dela se suicidou ano passado.
O suspeito, de
39 anos, foi preso no dia 29 de agosto, em Patos, no Sertão paraibano. Segundo
a Polícia Civil, ele se apresentou com um advogado e confessou o crime.
G1 PB
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