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Fumaça teve origem nas queimadas nos estados do Pará e Rondônia (Foto: Divulgação) |
Preservar o meio ambiente é algo que tentam ensinar ao ser humano desde
criança. No Brasil, uma das maiores defesas, sem dúvida, diz respeito à
Amazônia, que chegou a ser chamada de ‘pulmão do mundo’. O conceito,
equivocado, já foi desmentido por cientistas, mas permanece no imaginário
popular. Talvez como uma forma de valorizar ainda mais o que já é riquíssimo.
Esse sentimento de orgulho nacional, no entanto, não é compartilhado por um
pequeno e favorecido grupo de pessoas.
Fazendeiros da região são suspeitos de praticarem, ao longo de décadas,
desmatamentos ilegais na região amazônica. O assunto voltou a tona nas últimas
semanas, desde que foi verificado aumento de queimadas. Fotos de fogo se
espalhando pela floresta preocuparam o mundo.
O geógrafo e professor da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) Hermes
Alves de Almeida aponta que a Amazônia é importante não somente para o Brasil,
mas para todo o planeta. Um estudo divulgado no ano passado pela Universidade de São Paulo (USP) apontou
que o bioma é um dos maiores estoques de carbono em ambientes terrestres do
mundo.
“Essa é uma
questão global. O mundo assiste a essas queimadas de forma muito apreensiva,
mas é importante destacar que elas sempre ocorreram. Algumas vezes, por
questões climáticas. Outras, por interferência humana. Embora não estejamos
diante de uma catástrofe iminente, é muito importante que políticas públicas de
preservação sejam implementadas. O ideal é que o desmatamento e,
consequentemente, as queimadas diminuam urgentemente.”
A Amazônia
também é uma grande reguladora do clima. Diariamente ele fornece um elevado
volume de umidade para a atmosfera, fazendo nascer o que convencionou-se chamar
de rios voadores, que distribuem chuvas de Norte a Sul do país e chegam até
mesmo a outros países, como Argentina e Uruguai. Quando há desmatamento, a
floresta passa a emitir gases do efeito estufa, que têm poder de alterar o
clima e causar secas extremas ou tempestades e enchentes severas.
É muito difícil dimensionar todos os danos causados ao
planeta em caso de completa destruição da Amazônia, até mesmo para
especialistas. Ocupando quase metade do território brasileiro, ela é a maior
floresta tropical do planeta e abriga a maior biodiversidade, com um terço das
espécies da Terra.
O Brasil não vive seu recorde de queimadas na Amazônia,
mas o que o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), responsável pela
medição, alerta é que os números são os maiores já registrados desde 2010 para
o período de janeiro a agosto. Em oito meses, foram identificados foram 71.497
focos de incêndio. A título de comparação, no ano passado, durante o mesmo
período, foram 39.194. A série histórica do Inpe começa em 1998. Após a
divulgação dos dados referentes ao ano de 2019, uma crise se instaurou e o
diretor do instituto, Ricardo Galvão, acabou exonerado.
Imagens
chocam
Apesar de não serem as maiores da história, as queimadas
chocam brasileiros e estrangeiros. No dia 17, imagens de uma imensa nuvem de
fumaça sobre boa parte do oeste da América do Sul causou espanto.
O registro foi feito pelo Satélite Meteorológico
Geoestacionário GOES-16, operado pelo National Oceanic and Atmospheric
Administration, dos Estados Unidos. Várias personalidades públicas têm se
manifestado nas redes sociais contra o desmatamento, desde o início de agosto.
O que diz o
governo
Sobre a comoção internacional em torno do caso, o
ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno,
argumenta que há “cobiça” por conta das riquezas naturais brasileiras.
“É
irresponsável acharmos que a Amazônia não é objeto de cobiça internacional. O
mundo tem uma crise, e ela é vastamente comentada, uma crise de alimentos, uma
crise de matéria-prima, de commodities“, disse ele. “A Amazônia é vista como um
depósito de futuras conquistas do ser humano. Então, é óbvio que há ambições claras
em relação à Amazônia”.
Augusto Heleno reconheceu que é necessário dar atenção à
conservação da floresta tropical, mas disse que as preocupações internacionais
foram demonstradas de forma exagerada.”Não podemos aceitar que o Brasil seja
difamado mundialmente por uma jogada política, por interesse de um político,
que não é o interesse nem do seu país nem o interesse da Europa.
Na quinta-feira (29), o governo federal suspendeu, por
meio de decreto publicado no Diário Oficial da União, a prática de queimadas no país por 60 dias. Ainda não há
confirmação de tendência à extinção do fogo na Amazônia, mas o governo acredita
que a Operação Verde Brasil, que reúne várias agências no combate aos incêndios
seja positiva.
Portal
Correio
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